sábado, 29 de maio de 2010

Feche a boca e abra os braços

Uma amiga ligou com notícias perturbadoras: a filha solteira estava grávida.
Relatou a cena terrível ocorrida no momento em que a filha finalmente contou a ela e ao marido sobre a gravidez. Houve acusações e recriminações, variações sobre o tema "Como pôde fazer isso conosco?" Meu coração doeu por todos: pelos pais que se sentiam traídos e pela filha que se envolveu numa situação complicada como aquela. Será que eu poderia ajudar, servir de ponte entre as duas partes?
Fiquei tão arrasada com a situação que fiz o que faço – com alguma frequência – quando não consigo pensar com clareza: liguei para minha mãe. Ela me lembrou de algo que sempre a ouvi dizer. Imediatamente, escrevi um bilhete para minha amiga, compartilhando o conselho de minha mãe: "Quando uma criança está em apuros, feche a boca e abra os braços."
Tentei seguir o mesmo conselho na criação de meus filhos. Tendo tido cinco em seis anos, é claro que nem sempre conseguia. Tenho uma boca enorme e uma paciência minúscula.
Lembro-me de quando Kim, a mais velha, estava com quatro anos e derrubou o abajur de seu quarto. Depois de me certificar de que não estava machucada, me lancei numa invectiva sobre aquele abajur ser uma antiguidade, sobre estar em nossa família há três gerações, sobre ela precisar ter mais cuidado e como foi que aquilo tinha acontecido – e só então percebi o pavor estampado em seu rosto. Os olhos estavam arregalados, o lábio tremia. Então me lembrei das palavras de minha mãe. Parei no meio da frase e abri os braços.
Kim correu para eles dizendo:
– Desculpa... Desculpa – repetia, entre soluços. Nos sentamos em sua cama, abraçadas, nos embalando. Eu me sentia péssima por tê-la assustado e por fazê-la crer, até mesmo por um segundo, que aquele abajur era mais valioso para mim do que ela.
– Eu também sinto muito, Kim – disse quando ela se acalmou o bastante para conseguir me ouvir. - Gente é mais importante do que abajures. Ainda bem que você não se cortou.
Felizmente, ela me perdoou. O incidente do abajur não deixou marcas perenes. Mas o episódio me ensinou que é melhor segurar a língua do que tentar voltar atrás após um momento de fúria, medo, desapontamento ou frustração.
Quando meus filhos eram adolescentes – todos os cinco ao mesmo tempo – me deram inúmeros outros motivos para colocar a sabedoria de minha mãe em prática: problemas com amigos, o desejo de ser popular, não ter par para ir ao baile da escola, multas de trânsito, experimentos de ciência malsucedidos e ficar em recuperação. Confesso, sem pudores, que seguir o conselho de minha mãe não era a primeira coisa que me passava pela mente quando um professor ou diretor telefonava da escola. Depois de ir buscar o infrator da vez, a conversa do carro era, algumas vezes, ruidosa e unilateral.
Entretanto, nas ocasiões em que me lembrava da técnica de mamãe, eu não precisava voltar atrás no meu mordaz sarcasmo, me desculpar por suposições errôneas ou suspender castigos muito pouco razoáveis. É impressionante como a gente acaba sabendo muito mais da história e da motivação por trás dela quando está abraçando uma criança, mesmo uma criança num corpo adulto. Quando eu segurava a língua, acabava ouvindo meus filhos falarem de seus medos, de sua raiva, de culpas e arrependimentos. Não ficavam na defensiva porque eu não os estava acusando de coisa alguma. Podiam admitir que estavam errados sabendo que eram amados, apesar de tudo. Dava para trabalharmos com "o que você acha que devemos fazer agora", em vez de ficarmos presos a "como foi que a gente veio parar aqui?"
Meus filhos hoje estão crescidos, a maioria já constituiu a própria família. Um deles veio me ver há alguns meses e disse "Mãe, cometi uma idiotice..."
Depois de um abraço, nos sentamos à mesa da cozinha. Escutei e me limitei a assentir com a cabeça durante quase uma hora enquanto aquela criança maravilhosa passava o seu problema por uma peneira. Quando nos levantamos, recebi um abraço de urso que quase esmagou os meus pulmões.
– Obrigado, mãe. Sabia que você me ajudaria a resolver isto.
É incrível como pareço inteligente quando fecho a boca e abro os braços.

Como se escreve?

Quando Joey tinha somente cinco anos, a professora do Jardim de Infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Joey desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora. Professora, como a gente escreve...? Ela não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula. Joey dobrou o papel e o guardou no bolso.
Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho. Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela. Mamãe, como a gente escreve...? Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta. - Foi a resposta dela. Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso. Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis.
Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai. Papai, como a gente escreve...? Joey, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso. No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho, enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos rolaram... Quando Joey tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Annie fez um desenho. Era o desenho de sua família. O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse: Este aqui é você, papai! A garota também riu. O pai olhou pra o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo. Annie desceu rapidamente do colo do pai e avisou: Eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou: Papai, como a gente escreve amor?
Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: Amor, querida, amor se escreve com as letras t...e...m...p...o.

* * *
Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive. Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição. Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo... bom, o tempo é uma questão de escolha.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Só mais um minuto

Um homem, no limite de suas forças, atentou contra a própria vida com uma arma de fogo. Ouvindo o tiro, o vizinho entrou naquele apartamento, e ao lado do corpo encontrou uma carta assim escrita: “Não deu para suportar. Passei a noite toda como um louco pelas ruas. Fui a pé... não tinha condições de dirigir. Perdi meu emprego por injustiça feita contra mim. Nada mais consegui. Ontem telefonaram avisando que minha moradia no campo foi incendiada. Estava ameaçado de perder este apartamento por não ter pago as prestações. Só me restou um carro tão desgastado que nada vale. Afastei-me de todos os meus amigos com vergonha desta humilhante situação... e agora, chegando aqui, não encontrei ninguém... Fui abandonado e levaram até minhas melhores roupas! Aquele que me encontrar, faça o que tem que ser feito. Perdão.
”O vizinho dirigiu-se ao telefone para chamar a polícia. Quando esta chegou viu que havia recado na secretária eletrônica. Era a voz da mulher do morto: - Alô! Sou eu querido! Ligue para a firma! O engano foi reconhecido e você está sendo chamado de volta para a semana que vem! O dono do apartamento disse que tem uma boa proposta para não o perdermos! Estamos na nossa casinha de campo. A história do incêndio era trote! Isso merece uma festa, não merece? Nossos amigos estão vindo para cá. Um beijo! Já coloquei suas melhores roupas no porta-malas do seu carro. Vem!

Nunca perca a esperança, por piores que sejam as circunstâncias.

Consertei o mundo

Um cientista muito preocupado com os problemas do mundo passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de melhorá-los.
Certo dia, seu filho de 7 anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, Procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente, deparou-se com o mapa do mundo.
Estava ali o que procurava. Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva entregou ao filho dizendo: - Você gosta de quebra-cabeça? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está ele todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho! Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas alguns minutos, ouviu o filho chamando-o calmamente.
A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa quem jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares.
Como seria possível? Como o menino havia sido capaz? - Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel do jornal para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui.
Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era.
Quando consegui consertar o homem, virei à folha e vi que havia consertado o mundo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A cruz pesada

Há muitos e muitos anos, um homem partiu em direção a Jerusalém, carregando uma cruz grande e pesada. Ela media três metros de altura por dois de envergadura.
Enquanto carregava a cruz, lembrava-se do sofrimento de Jesus, e imaginava a dor que Ele havia sentido quando foi pregado nela.
Assim, o homem seguia compenetrado em sua resolução e, passo a passo, lentamente carregava a cruz cuja ponta inferior se arrastava pelo chão, fazendo um risco na terra.
Depois de muitas horas de caminhada, o homem avistou um morro. Esgotado como estava, teve dúvidas se conseguiria vencer aquela subida acentuada. Enquanto meditava na dificuldade à sua frente, alguém que passava sugeriu que cortasse um pedaço da cruz, tornando-a mais leve.
- É uma boa idéia! Diminuindo um pouco a carga terei mais condições de subir a montanha. Assim, tirou um pedaço da cruz, que se tornou bem mais leve, e continuou sua caminhada.
Quem já esteve em Jerusalém sabe que para se chegar lá é preciso subir muitas montanhas. A cidade do rei Davi, também chamada na Bíblia de "umbigo do mundo", fica no topo de uma montanha e é cercada por muitas outras. Trata-se, portanto, de um terreno difícil, em ambiente arenoso, seco, e muito quente durante o dia e muito frio à noite.
A cada subida que encontrava no caminho ele cortava um pedaço da cruz. Assim, com o decorrer da jornada, a cruz pesada foi ficando cada vez mais leve, e ao invés da caminhada lenta do início o homem já podia andar a passo acelerado e ia cantarolando e bastante descontraído.
Tudo parecia ir muito bem até que surgiu em seu caminho um rio caudaloso, cujas águas desciam volumosas do alto da montanha para banhar os vales. A ponte sobre o rio estava partida, faltando-lhe exatamente um trecho de quase três metros no vão central. Diante daquele obstáculo, o peregrino fez a seguinte oração:
- Senhor, Tu sabes que meu maior desejo é chegar a Jerusalém. Venho de longe e agora que me aproximo de realizar meu sonho, não sei como poderei fazer para, sem arriscar a vida, chegar ao outro lado do rio. Vês, Senhor, que a ponte está rompida e não tenho como atravessá-la. Então uma voz do céu respondeu:
- Meu filho, para transpor este obstáculo com segurança, basta usares a cruz que lhe dei!
Muito triste, o homem constatou que a cruz, agora, depois de tantos pedaços cortados, havia se tornado pequena demais e não vencia o vão que ele precisa transpor. A cruz do início, com seus três metros tinha exatamente à medida que ele precisava para transpor a ponte quebrada.
Na vida, cada um de nós carrega a cruz necessária a nos preparar para vencer os obstáculos que surgem durante a jornada. Não é maior nem menor: é exata!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Confiando no Senhor

Numa classe de crianças foi contada a impressionante história de Jesus e de Pedro, resolvendo um problema sobre pagamento de impostos, através de uma moeda encontrada na boca de um peixe...
O pequeno Raul ficou cheio de esperanças, lembrando-se da multiplicidade de problemas financeiros que envolviam sua pobre mãe viúva. Quanto mais o menino pensava na maneira como se desenrolou a história que ouvira, mais ele ia se convencendo de que Jesus poderia hoje fazer coisa semelhante por eles.
E tanto insistiu nesse pensamento que, esvaziando o seu cofrezinho, juntou as poucas moedas que havia economizado e foi correndo à peixaria mais próxima. Ali, ele se dirigiu ao rapaz que atendia aos fregueses, pedindo-lhe:
- Quero comprar um peixe dos maiores que houver.
O moço, gentilmente, explicou que os peixes maiores custavam bastante mais caros. Vendo, então, que o dinheiro que levava não seria suficiente, Raul pensou um pouco e por fim acrescentou:
- Moço, na verdade eu preciso apenas de uma cabeça de peixe.
- Ah, isso se arranja facilmente - disse o peixeiro - e posso lhe conseguir uma bem grande, por um preço bastante pequeno!
Efetuando a compra, o garotinho saiu radiante de alegria, na certeza de estar dando os passos finais na solução de tantas dificuldades. Correu, levando pra casa a cabeça do peixe embrulhada num pedaço de jornal. Na cozinha, ele a colocou sobre a mesa e foi procurar a mãe, para agora lhe contar sobre a história que ouvira a respeito de Jesus. Relatou-a com todos os detalhes e por fim, exclamou:
- Mamãe, pode estar certa de que agora vamos pagar todas as nossas dívidas!
Logicamente não havia nenhuma moeda na boca do peixe, como esperava o pequeno órfão. Esse fato veio abalar a fé da criança naquele momento.
Porém, ao limpar a mesa, casualmente a mãe deparou com o seu nome impresso no pedaço de jornal que embrulhava a cabeça do peixe.
Lendo com atenção, ela tomou conhecimento de que se tratava de um anúncio que certo advogado fizera publicar, convocando-a ao seu escritório, a fim de lhe comunicar a respeito de uma herança que lhe fora deixada por um parente que acabara de partir. Inacreditável! Surpreendente!
O milagre esperado pelo menino acabou acontecendo, embora de forma diferente. De joelhos, mãe e filho deram graças ao Senhor pelo socorro que tão oportunamente lhes enviava.
***
Nem sempre Deus responde às nossas súplicas de maneira que esperamos, nem por vias tão diretas ou processos semelhantes a outros já acontecidos, porém, felizes e venturosos são aqueles que nele confiam.

sábado, 22 de maio de 2010

Confie sempre

Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo.
O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira:"Deus Todo Poderoso fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!!"Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha. A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha. O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais angustiado:"Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha.""Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar..."Abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia. Estavam os malfeitores entrando na trilha, na qual ele se encontrava esperando apenas a morte. Quando passaram em frente da trilha o homem escutou:"Vamos, entremos nesta trilha!""Não, não está vendo que tem até teia de aranha!? Nada entrou por aqui. Continuemos procurando nas próximas trilhas"
***
Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do impossível.
Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança n'Ele para deixar que sua glória se manifeste e faça algo como uma teia, que nos dá a mesma proteção de uma muralha.
Tenha um lindo final de semana na presença do Pai.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Uma história de amor

Há muito tempo atrás, um casal de velhinhos que não tinham filhos e morava numa casinha humilde de madeira, tinham uma vida muito tranqüila, alegre e ambos se amavam muito, eram felizes.
Até que um dia aconteceu um acidente com a senhora. Ela estava trabalhando em sua casa quando começa a pegar fogo na cozinha e as chamas atingem todo o seu corpo, o esposo acorda assustado com os gritos e vai a sua procura, quando a vê coberta pelas chamas imediatamente tenta ajudá-la e o fogo também atinge seus braços e mesmo em chamas consegue apagar o fogo.
Quando chegaram os bombeiros já não havia mais fogo apenas fumaça e parte da casa estava destruída. Levaram rapidamente o casal para o hospital mais próximo, onde foram internados em estado grave.
Após algum tempo aquele senhor menos atingido pelo fogo saiu da UTI e foi ao encontro de sua amada. Ainda em seu leito a senhora toda queimada, pensava em não viver mais, pois estava toda deformada, as chamas queimaram todo o seu rosto.
Chegando ao quarto de sua senhora, logo ela foi falando: - Tudo bem com você meu amor? - Sim respondeu ele, pena que o fogo atingiu os meus olhos e eu não posso enxergar, mas fique tranqüila amor que a sua beleza está gravada em meu coração para sempre.
Então triste pelo esposo, disse-lhe: - Deus vendo tudo o que aconteceu a meu marido, tirou-lhe as vistas para que não veja o quanto deformada eu fiquei. As chamas queimaram todo o meu rosto e estou parecendo um monstro.
Passando algum tempo recuperados, voltaram para casa onde ela fazia tudo para seu querido esposo e ele todos os dias dizia-lhes, como eu te amo! E assim viveram mais 20 anos até que a senhora veio a falecer.
No dia de seu enterro quando todos se despediam então veio aquele senhor sem seus óculos escuros e com sua bengala nas mãos, chegou perto do caixão, beijando o rosto e acariciando sua amada disse em um tom apaixonante: - Como você é linda meu amor eu te amo muito.
Ouvindo e vendo aquela cena um amigo que está ao lado perguntou se o que tinha acontecido era um milagre, e olhando nos olhos dele o velhinho apenas falou: - Nunca estive cego, apenas fingia, pois quando a vi toda queimada sabia que seria duro para ela continuar vivendo daquela maneira. Foram vinte anos vivendo ambos muito felizes e apaixonados!
***
Essa foi para mim uma das mais lindas provas de amor que já existiu, depois de Jesus. Convido todos a relerem, agora que sabem que ele não estava cego. Fiquem todos em paz e que o verdadeiro Amor possa fecundar em seus corações. Você é especial... todos somos!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Viver como as árvores

Que bela seria a vida se todos nós pudéssemos ser generosos como as árvores...
Da semente pequenina, emergiríamos para o Mundo trazendo impresso em nós apenas o desejo de servir.
Observe: a árvore cresce e, em torno de si, espalha sombra, perfume e cor. Doadora.
Em seu tronco adormecem os insetos, abrigam-se os animaizinhos. Por entre seus galhos, pássaros fazem suas casas. Nascem flores em seus brotos. E o Mundo se perfuma ao seu redor. Acolhedora.
Gentis árvores, que estendem sombras aos que caminham sob sol forte, que oferecem frutos aos famintos, que alegram a existência de todos com suas cores.
A árvore não escolhe a quem presentear com suas dádivas. Não discrimina nem privilegia. Serve.
A árvore segue o curso da natureza. Sempre produtiva e útil. Não se detém para reparar o que fazem os outros, não anota dificuldades. Prossegue.
Simples, precisa apenas de sol, água, ar e alimento. Nada exige. Cresce.
E quando seus galhos se estendem em ramagens fortes, oferece-os para brincadeiras e divertimentos. Nela crianças fazem casas de brinquedo e balanços. Doa-se aos mais jovens. Concede.
A árvore oferece tudo e nada espera em troca. Submete-se mesmo àqueles que, para lhe retirarem os frutos maduros, atiram-lhe pedras. A seiva escorre do tronco ferido, mas ela... Ah, ela tolera.
A árvore, de raízes fortes e profundas, mostra-se firme, apesar da força das tempestades. Resiste.
E se o velho tronco se mostra cheio de nós, apontando idade avançada, sempre há o frescor dos galhos novos, de brotos verdes-claros. Renova-se.
Árvore cresce em toda parte, até em encostas de montanhas e em abismos perigosos. Mesmo em locais adversos, a árvore permanece imponente - sem perder a grandeza jamais. Forte.
Busca na terra escura, entre pequenos vermes, lodo e estrume, o material com que faz os frutos deliciosos que saciam a fome de tantos. Transformadora.
E se é abatida pelo machado da impiedade, ainda assim se transmuda em móveis úteis, casas seguras e calor em lareiras acesas. Perdoa. Silenciosa, a árvore cumpre sua trajetória.
***
Deveríamos todos nós buscar nesse exemplo de generosidade, vindo da natureza, um roteiro de vida. Vale a pena viver assim: empenhado em ser útil, sem se deixar abater pelas tempestades emocionais, oferecendo dádivas a todos. Firme, dócil, generoso.
Lembre que hoje é mais um dia de sua vida, em que surgirão dezenas de oportunidades de servir alguém, de perdoar ao outro, de ser útil e gentil, simples e amoroso.
Seja hoje como a árvore que se cobre de flores e frutos para que os outros sejam felizes.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Batalha vencida

Deveriam ser mais ou menos 10 horas da manhã. Ele estava no seu armazém, arrumando as mercadorias nas prateleiras. O movimento andava fraco e ele pensava nos compromissos financeiros assumidos, na esposa, nos três filhos. Foi então que, descendo a rua, a mulher magra e em desalinho foi chegando. Trazia no corpo as marcas do descuido. Nos braços, um bebê mirrado, parecendo à beira da morte.
Ela entrou no armazém e falou numa linguagem enrolada, de quem se embriagou ou ainda não despertou plenamente: "O senhor quer o meu bebê? Sei que o senhor é homem de bem." Abriu os panos que envolviam o pequeno e o comerciante pode ver o estrago daquele corpinho. O abdômen volumoso contrastava com o esqueleto à mostra. Mas os olhos do garoto eram grandes, expressivos, e se dirigiam para ele como a suplicar: "Eu quero viver. Eu preciso viver. Cuide de mim."
"O senhor fica ou não fica?" tornou a mulher, agora um pouco irritada ou impaciente. E continuou: "Ele vai morrer mesmo. Está morrendo. Já não quer comer...”
Pedro sentiu n`alma um estranho sentimento. Correu ao telefone e chamou a esposa: "Venha logo. É urgente!" Quando Irene viu o bebê, tomou-se de amores. E do armazém para o hospital, o trajeto foi curto e rápido.
A criança foi submetida a várias cirurgias, tratamentos múltiplos. Estranhamente, não chorava. Mas seus olhos negros, grandes, expressivos, somente suplicavam: "Desejo viver. Eu preciso desta oportunidade. Não me deixem morrer." Já se passaram muitos anos do ocorrido. João é agora um garoto vivo, esperto, traquina. Ama Pedro e Irene como seus pais e é por eles amado. Os irmãos lhe têm especial carinho. E ele mostra, com orgulho, as cicatrizes do ventre.
É como um herói ostentando as cicatrizes de batalhas enfrentadas e vencidas. João venceu e lutou para viver. E no seu caminho encontrou seres que, em nome do amor o aconchegaram, recebendo-o no próprio coração, sem temor, nem preconceito.
***
Quando os homens acodem os seres indefesos, encontram sempre amparo, apoio, forças. Se um dia surgir uma dessas oportunidades de socorrer um pequenino, esteja atento e, se possível, atenda. Porque Deus se serve dos homens para amparar seus filhos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Instinto materno

Era noite e o casal resolveu sair para fazer umas compras no shopping. Embora a esposa tivesse insistido com o marido para irem de carro, temendo a violência das ruas, ele a convenceu que deveriam ir a pé. A rua estava bastante deserta e logo o casal avistou uma jovem, andando sozinha, mais à frente.
Dois rapazes, visivelmente mal-intencionados, que surgiram não se sabe de onde, passaram a seguir a jovem para, talvez, a assaltar na primeira oportunidade que surgisse. Percebendo a situação, a esposa chamou a atenção do marido para o risco que a garota estava correndo. Sem titubear, segurou o braço do esposo e apressaram o passo.
Antecipando-se aos suspeitos, num gesto instintivo, aquela mãe colocou a mão sobre o ombro da moça e a conduziu como se fossem velhas conhecidas. A garota estava amedrontada, pois já havia notado que estava sendo seguida, mas não sabia o que fazer, e por isso aceitou aquela ajuda providencial.
Vinda de uma cidade do interior do estado, para fazer vestibular na capital, a menina não conhecia os perigos de se andar à noite, principalmente numa rua quase deserta. Estava indo ao supermercado comprar alimentos para preparar seu jantar, sem desconfiar dos perigos que a rondavam.
"Ao ver a moça, lembrei-me de uma de nossas filhas e corri para socorrê-la", disse-nos aquela jovem mãe. O instinto materno falou alto e ela evitou que uma jovem, que sequer conhecia, fosse assaltada, agredida, violentada, morta. E a mãe da garota, que talvez estivesse em casa, na cidade distante, rogando a Deus que protegesse sua filha na capital, teve atendida a sua oração.
Os pais ficam preocupados com os filhos distantes. Muitos saem de casa para uma festa, para o trabalho ou para outra atividade qualquer, e não retornam jamais aos braços da família... É por essa razão que gestos como o dessa mãe, que teve a coragem, são considerados heróicos. Num tempo em que cada um cuida de si mesmo e trata de defender a própria pele, sem se importar com os demais, Deus tem dificuldade para atender as orações das mães que rogam proteção para seus filhos amados.
Talvez algumas pessoas pensem que hoje em dia não convém se expor ao perigo, pois se corre riscos também. Sem qualquer apologia à temeridade, os pequenos gestos de coragem podem mudar o rumo de uma vida.
Muitas vezes Deus nos coloca no caminho de alguém para ajudar, já que é através dos homens que Deus auxilia e socorre o homem. Importante pensar nisso com carinho, como fez aquela mãe ao ver a jovem correndo perigo: "podia ser minha filha".
Pense nisso! Você perceberá que em muitas situações do dia-a-dia uma atitude sua pode fazer a diferença.
Muita diferença mesmo...

A nobreza de um gesto

Habitualmente falamos que somente coisas ruins ganham manchete. Que notícia boa não é veiculada porque não vende nem jornal, nem revista. No entanto, por vezes, um gesto nobre ganha o noticiário internacional. Assim aconteceu com um palestino que virou manchete mundial. Ele não protagonizou nenhum dos conflitos que têm abalado as relações e a paz dos povos do Oriente.
O mecânico Esmael Khatib deu uma verdadeira lição de fraternidade ao doar os órgãos de seu filho Armed a pacientes israelenses, que necessitavam de transplantes. O palestino teve seu filho, de apenas 12 anos, alvejado por soldados de Israel, durante uma operação de busca no campo de refugiados de Jenin.
O mecânico optou pela doação, inspirado pela perda de seu irmão, de 24 anos, que, não resistindo à longa espera por um transplante de fígado, veio a morrer. Entre os beneficiados pelo gesto do palestino se encontravam um bebê de 7 meses e uma mulher de 58 anos. Alguns eram judeus, árabes-israelenses e uma garota de origem drusa.
Conforme reproduziu o jornal Folha de São Paulo, Esmael teria dito: Eu me sinto bem pensando que os órgãos de meu filho estão ajudando seis israelenses. Acredito que o meu filho está agora no coração de todo israelense.
O fato repercutiu pelo Mundo, exatamente pelos conflitos que envolvem as nações em questão. Tanto mais que o menino fora morto por israelenses.
O fato é que, aquele pai, dolorido pela separação violenta do filho amado, encontra forças para beneficiar pessoas. Não indaga se pertencem à sua mesma nação, ao seu povo, à sua família. Não pergunta se são amigos ou inimigos. Simplesmente doa. Um gesto de humanidade, uma ação altruísta.
A nota nos remete aos versos do sublime Galileu há mais de dois milênios: Ama o teu próximo... Faze o bem a quem te persegue... Ama o teu inimigo.
Em nosso Brasil, embora as campanhas promovidas e a facilidade que se tem para doar órgãos, ainda é muito grande a fila de espera. Algumas estatísticas apontam que chega a 60 mil o número, em nosso país, dos que se encontram aguardando transplantes. A doação de órgão não é contrária às leis da natureza, porque beneficia a vida.
Os doadores colaboram com a vida. O Espírito se liberta da carne e permite a outros o retorno da visão, a desvinculação de procedimentos morosos e dolorosos. Permite que um pai retorne ao lar, que o profissional retome atividades interrompidas, que o jovem volte a tecer sonhos de estudo e produtividade. Aqui, é a bomba cardíaca que torna a regularizar seu ritmo; ali é um fígado que volta a funcionar; além é um pulmão que se enche de ar, insuflando vida.
Beneficiados os que recebem as doações dos órgãos. Abençoados por Deus os que se fazem doadores da esperança e da vida.
Pense nisso.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A palavra da inocência

Havia uma jovem que se casou com um rapaz muito culto e de projeção política na china. Durante três anos, pelo seu status, ele foi estudar em Moscou. Ela viveu anos de felicidade ao seu lado. Um casamento que foi abençoado com dois filhos. "era uma mulher de sorte", comentava-se.
Então, exatamente no momento em que o casal se alegrava com o nascimento do segundo filho, o marido teve um ataque cardíaco e morreu, repentinamente. No final do ano seguinte, o filho mais novo morreu de escarlatina. Com o sofrimento causado pela morte do marido e do filho, ela perdeu a coragem de viver.
Um dia, pegou o filho que restava e seguiu para a margem de um rio. Seu intuito era se unir ao marido e ao bebê na outra vida. Parada à beira do rio, ela se preparava para se despedir da vida, quando o filho perguntou, inocentemente: "nós vamos ver o papai?"
Ela levou um choque. Como é que uma criança de 5 anos podia saber o que ela pretendia fazer? E perguntou: "o que é que você acha?"
Ele respondeu: "é claro que vamos ver o papai! Mas eu não trouxe o meu carrinho de brinquedo para mostrar para ele!"
Ela começou a chorar. Nada mais perguntou. Deu-se conta de que ele sabia muito bem o que ela pretendia. Compreendia que o pai não estava no mesmo mundo que eles, embora não fizesse uma distinção muito clara entre a vida e a morte. As lágrimas reavivaram nela o instinto materno e o senso de dever.
Tomou o filho no colo e, deixando a correnteza do rio levar a sua fraqueza, retornou para sua casa.
A mensagem de suicida que tinha escrito foi destruída.
Enquanto fazia o caminho de volta ao lar, o menino tornou a perguntar: "e então, não vamos ver o papai?" Procurando engolir o pranto, ela respondeu: "o papai está muito longe. Você é pequeno demais para ir até lá. A mamãe vai ajudá-lo a crescer, para que você possa levar para ele mais coisas. E coisas muito melhores."
Depois disso, ela fez tudo o que uma mãe sozinha pode fazer para dar ao filho o melhor.

***

As crianças não são tolas. E muito mais do que possamos imaginar permanecem atentas, em especial a tudo que lhes diga respeito. Por tudo isso, preste mais atenção ao seu filho. E, sobretudo, fale com ele sobre dificuldades e sobre as soluções possíveis. Não o deixe crescer ansioso e triste. Ajude-o a viver no mundo, seguro e firme.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A história de Tommy

John Powell, professor de teologia, conta que no primeiro dia de aula conheceu um jovem especial: esse jovem era Tommy. De maneira irreverente, Tommy entrou penteando seus longos cabelos louros, que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros. Logo, o professor classificou Tommy com um "e" de estranho... muito estranho. O jovem acabou se revelando o "ateísta de plantão" do seu curso. Constantemente, ele fazia objeções, fazia troça ou gemia diante da possibilidade de existir um Deus-Pai que amasse seus filhos, incondicionalmente.
Quando terminou o curso, Tommy se aproximou para entregar seu exame final e perguntou a John, num tom ligeiramente cínico: "o senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?" O professor decidiu fazer uma terapia de choque, e respondeu enfaticamente: "não!" Ah!, respondeu Tommy, "eu pensei que este fosse o produto que o senhor estava tentando nos impor". John deixou que ele desse uns cinco passos fora da sala e gritou: "Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará".
Mais tarde, John veio a saber que Tommy tinha se formado e ficou aliviado. Depois, uma notícia triste: soube que Tommy estava com um câncer terminal. Antes que o ex-professor fosse ao encontro de Tommy, ele veio procurá-lo. Quando entrou no seu escritório, John reparou que seu físico tinha sido devastado pela doença e que os cabelos longos se foram, sob o efeito da quimioterapia. Mas John notou também que os olhos do jovem estavam brilhantes e a sua voz estava firme.
Tommy, tenho pensado tanto em você!, disse o ex-professor. Ouvi dizer que você estava doente! "Ah, é verdade, estou muito doente. Tenho câncer em ambos os pulmões. Agora é uma questão de semanas.", afirmou o jovem.
"A razão pela qual eu realmente vim vê-lo", disse Tommy, "foi a frase que o senhor me disse no último dia de aula". "Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria Deus algum dia e o senhor respondeu: não!, o que me surpreendeu. Em seguida, o senhor disse: mas ele o encontrará."
"Pensei um bocado a respeito daquela frase, embora naquela época não pensasse muito em procurar por Deus. Mas quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e disseram que era um tumor maligno, encarei com mais seriedade a procura de Deus." "E quando a doença se espalhou pelos meus órgãos vitais, eu comecei realmente a dar murros desesperados nas portas do paraíso. Mas Deus não apareceu."
"Um dia acordei e em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro, atrás de onde Deus poderia ou não estar, simplesmente desisti. Decidi que de fato não estava me importando com Deus, com uma vida eterna ou qualquer coisa parecida." "Resolvi gastar o tempo que me restava fazendo alguma coisa mais proveitosa.
Lembrei-me de outra frase que o senhor havia dito: "a tristeza mais profunda é passar pela vida sem amar". "Mas seria quase tão triste deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas que você as ama." "Então comecei pela pessoa mais difícil: meu pai." "Ele estava lendo o jornal quando me aproximei e lhe falei: - Papai, eu te amo. Só queria que você soubesse disso... O jornal escorregou para o chão e o meu pai fez duas coisas que eu não me lembro de tê-lo visto fazer jamais. "Chorou e me abraçou. Conversamos a noite toda. "Foi mais fácil com a minha mãe e com o meu irmão mais novo." "Eu só lamentei uma coisa: ter esperado tanto tempo." "Então, um dia, eu me voltei e lá estava Deus. Ele não veio ao meu encontro quando eu lhe implorei. Mas o que é importante é que ele estava lá. O senhor estava certo. Ele me encontrou mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele."

Não esqueça o principal

Conta uma lenda, que certa vez uma mulher pobre com uma criança no colo, ao passar na entrada de uma caverna, escutou uma voz misteriosa que lá de dentro dizia:
- Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não esqueça o principal. Lembre-se, porém de uma coisa: Depois que você sair, a porta se fechará para sempre! Portanto, aproveite a oportunidade, mas não esqueça o principal...
A mulher entrou na caverna, e lá encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e começou a juntar ansiosamente tudo o que podia em seu avental.
A voz misteriosa então, falou novamente:
- Você só tem oito minutos.
Esgotados os oitos minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora. Lembrou-se então, que a criança ficara lá dentro e que a porta estava fechada para sempre!
A riqueza durou pouco, e o desespero durou para toda a vida.
***
O mesmo acontece às vezes conosco. Temos muitos anos para vivermos neste mundo e uma voz sempre nos adverte:
- Não esqueça o principal!
E o principal são os valores espirituais, a oração, a vigilância, a família, os amigos, a vida! Mas a ganância, a riqueza, os prazeres materiais nos fascinam tanto, que o principal vai ficando sempre de lado... Assim, esgotamos o nosso tempo aqui e deixamos de lado o essencial: Os tesouros da alma...
Que jamais esqueçamos o principal!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A gaveta da identidade

Hoje, pela manhã, exatamente como um raio de sol, você entrou em meu quarto. Seu "olá" teve o som de uma sinfonia imortal para os meus ouvidos. Esperei que você se aproximasse de mim, porque minhas pernas já não são tão firmes e tenho dificuldades para me manter em pé. Você ficou à distância. Reclamou do cheiro de mofo e abriu amplamente a janela. Fiquei feliz porque sempre dependo de que alguém chegue e faça isso por mim. Amo os dias de sol. Eles me recordam os dias felizes em que a memória não me traía tanto e eu podia me sentir útil, realizando pequenas tarefas no lar.
Com a voz fraca, tentei conversar. Mas acho que você deve estar com muitos problemas, porque traz a face enrugada e parece muito contrariado. Suas respostas foram curtas e secas e resolvi me calar, respeitando as suas preocupações. Foi aí que você abriu a minha gaveta, aquela pequena da minha cômoda. "Quanto lixo!", foi o que você disse. Meu coração começou a saltar. Você estava mexendo no meu tesouro. Alegrei-me porque agora, pensei, poderia lhe falar do significado de cada uma daquelas pequenas jóias.
A foto amarelada de seu avô e eu. Foi tirada durante nossa lua de mel. É em preto e branco. Mas eu recordo que o cravo na lapela do seu avô era vermelho e o meu vestido era estampado com flores miúdas coloridas.
"Mas, o que você está fazendo? Não revire deste jeito as coisas da gaveta. Você poderá amassar a fita azul que eu usava nos meus longos cabelos. Ou então o papel de bombom que está aí. São tantas preciosidades. Não, não é lixo! É minha vida. Não jogue fora.
"Como não tenho com quem trocar idéias, nem quem me ajude a relembrar os dias vividos, que teimam em escapar da memória, sirvo-me dessas coisas antigas para avivar as recordações. Elas são o diário da minha vida. A flor seca me foi dada por sua mãe, em criança, num feliz dia do meu aniversário. Ela perdeu o viço, o perfume, mas encerra lembranças dos dias venturosos em que aguardava as crianças virem da escola, esperava meu eterno noivo retornar da fábrica. Você estabelece o horário para eu comer, dormir, acordar. Não posso ter vontades, nem desejos atendidos. Os meus sonhos, as minhas melhores realizações estão encerradas nesta gaveta. Os objetos que guardo me ajudam a lembrar que eu existo.

Não jogue fora minha identidade. Ela é feita de todas essas pequenas coisas que você chama de lixo e eu chamo "Meu tesouro."

* * *

Aprendamos a ver nos olhos da criança a mensagem da esperança e nos cabelos brancos a lição da experiência. Não nos esqueçamos que os que hoje vivem a velhice, foram homens e mulheres que deram o seu valioso contributo ao Mundo. Tratemos muito bem os nossos idosos, hoje, enquanto estão conosco. Amanhã, poderá ser tarde demais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Flores de amor

Ela estava sozinha e, naquele dia de primavera, decidira almoçar ao ar livre, sentada em um banco, à sombra de uma majestosa árvore. Era o seu horário de descanso do escritório e desejou imaginar que estivesse em um piquenique. Em meio à profusão de verde e diversidade colorida das flores, improvisou algo semelhante a uma mesa de piquenique.

Naqueles momentos, começou a refletir sobre a sua solidão. Após o divórcio, ela terminara de criar seus filhos sozinha e estivera ocupada demais tentando sobreviver.

Pensava naquele momento que talvez fosse por isso que não encontrara outro companheiro. Alguém com quem pudesse compartilhar a sua vida e o seu amor.

Ela se mantivera ocupada com as atividades da filha adolescente, acompanhando-a a um e outro lugar, ou visitando os filhos mais velhos e o novo neto, além de cuidar da profissão e trabalhar no grupo religioso de sua comunidade.

Lembrou que no escritório havia muitas colegas casadas e que recebiam, às vezes, flores dos seus maridos. Os buquês maravilhosos chegavam, geralmente acompanhados de um cartão, dizendo que as flores estavam sendo enviadas só porque eu amo você. Ela admirava as flores, mas admirava mais os sentimentos que havia por trás daqueles gestos. Ela fora infeliz no casamento e nunca recebera tais mimos. Aliás, nada que indicasse que ela era uma mulher amada. E porque adoraria receber flores, não podia deixar de invejar aquelas mulheres. Elas eram felizes. Tinham maridos que as amavam e que, mesmo após anos de convívio conjugal, se lembravam de remeter flores, serem criativos, surpreender.

As flores ficavam dias sobre as mesas, em jarros d´agua, perfumando o ambiente, atestando a existência de um sentimento cálido e maduro. E ela se sentia tão só. Sua mesa sempre estava despida de cores e perfume. Vazia. Enquanto assim se perdia em pensamentos, sentiu alguma coisa cair em sua cabeça. Era uma flor despencando em direção à grama. Olhou para cima e viu que a árvore enorme, sob a qual estava sentada, trazia a copa repleta de graciosas flores vermelhas, penduradas quase ao alcance de sua mão. Ela não as havia notado porque não olhara para cima. Deu-se conta, então, que estava sendo agraciada com flores, lindas flores de Alguém que a amava. Sempre a amara e não desejava que ela ficasse sem flores.

Ela olhou para o chão, colheu as flores dispersas, lindas, vibrantes e compôs um ramalhete. Levou-as para sua mesa de trabalho e as colocou em uma jarra de vidro.

Durante todo aquele dia, foi maravilhoso olhar para as flores enquanto trabalhava. Elas a fizeram lembrar que Deus quis lhe dar flores só porque Ele a amava.


Jamais te sintas não amado porque se não tiveres quem te diga aos ouvidos: Eu te amo, Deus te abraça com Seus raios de luz e te dá, todos os dias, o mundo para viver, amar e ser feliz.

sábado, 8 de maio de 2010

Mães extraordinárias

O jovem andava pela rua quando deparou com um homem caído. Inexperiente, mas com enorme coração, chamou um táxi, colocou nele o homem e pediu para rumar ao hospital.
Ao chegar lá, descobriu que não tinha dinheiro para pagar a corrida. O taxista lhe disse: Quem é este homem que você vem trazendo ao hospital? Não sei, respondeu o moço. Encontrei-o caído na rua e pensei em dar socorro.
Bom, respondeu o profissional, se você pode ajudar a quem não conhece, eu também posso. A corrida fica por minha conta.
O homem, ainda inconsciente, foi colocado em uma maca. Mas aí, os problemas começaram. O moço não sabia o nome dele, nem endereço, nem se tinha plano de saúde. Nada. Afinal, como disse à recepcionista, eu não mexi nos bolsos dele. Só pensei em socorrer.
Bom, se ele não é seu parente, não é seu conhecido, quem vai se responsabilizar pelos custos do atendimento que for necessário?
Não sei, falou o rapaz. Eu não tenho condições. Só sei que ele precisa de atendimento. Não pode ficar aí, sem que ninguém o socorra. A questão era simples, segundo a moça. Ele devia depositar um valor em caução e o restante poderia ser ajustado, mais tarde. Enquanto tentava explicar que não tinha dinheiro, e quase suplicava para que o seu socorrido fosse atendido, um médico adentrou o hospital.
Fale com ele, disse a moça. É o diretor. Se ele autorizar...
E assim foi. Ciente do que estava acontecendo, o médico de imediato diligenciou para que o homem adentrasse o hospital e passasse a receber atendimento. Na seqüência, pediu ao jovem que fosse ao seu escritório.
Quando o rapaz entrou na sala, encantou-se com um quadro, em tamanho natural, de uma senhora, de olhos expressivos, belíssima.
Quem é? - perguntou. O diretor, sentando-se, contou: Minha mãe. Ela era uma mulher pobre. Lavando e passando roupa, conseguiu que eu me tornasse médico. Ela já morreu. Mas conseguiu o seu propósito: formei-me em Medicina e como vê, hoje sou o Diretor Geral deste grande hospital. Quem diria... O pobre filho de uma lavadeira. Mas essa mulher extraordinária, não somente conseguiu que eu alcançasse o diploma. Ela me deu lições de sabedoria e de vida. No dia em que me formei, ela me recomendou: "Filho, faça o bem quanto possa. Use o seu saber, como médico, para salvar vidas."
Por isso, meu jovem, quem chega neste hospital, é atendido, como está sendo aquele homem que você recolheu na rua. Depois veremos se ele tem ou não dinheiro para pagar.
Em memória de minha mãe, dessa mulher excepcional que tanto trabalhou para que eu me tornasse médico, jamais deixarei que alguém morra à porta de meu hospital. Atendo e atenderei sempre, da melhor forma possível, pagantes e não pagantes. Não poderia deixar de atender a um pedido de minha mãe.
Toda mãe é uma educadora. Algumas lecionam matérias para o dia a dia dos seus filhos. Ensinam a se portar, mandam o filho para escola, alimentam-no. Outras, e são essas as mães extraordinárias, renunciam a tudo pelo bem dos seus rebentos. Transmitem lições para a vida imperecível. Não pensam somente no bem-estar físico dos filhos. Vão além. Trabalham e estabelecem lições para a vida do Espírito. Elas desejam que seus filhos sejam felizes agora, no hoje, na Terra, e no Além, quando abandonarem o casulo carnal.
Essas mães... Essas mães são mesmo extraordinárias.

O balão de Benny

Benny tinha setenta anos quando morreu subitamente de câncer, em Wilmette, Illinois. Nos últimos dez anos de vida, havia recebido o amor de alguém muito especial: sua neta, Rachel - e o amor de avô para neta, assim como o de neta para avô, é desses sentimentos que nunca se esquece, e que nunca perece. Infelizmente, Rachel não teve a chance de dizer adeus ao seu avô, e por isso chorou durante vários dias.
Seu pranto apenas cessou quando teve uma idéia, certo dia, após receber um grande balão vermelho numa festa de aniversário. E a idéia era a de escrever uma carta para o vovô Benny, e enviá-la ao céu em seu balão vermelho.
A mãe de Rachel não teve coragem de dizer não, e observou com lágrimas nos olhos o frágil balão subir por entre as árvores que cercavam o jardim, e desaparecer. Dois meses depois, Rachel recebeu esta carta, com carimbo do correio de uma cidade a novecentos quilômetros de distância, na Pensilvânia: "querida Rachel, vovô Benny recebeu a sua carta. Ele realmente a adorou." Por favor, entenda que coisas materiais não podem ficar no céu, por isso tiveram que mandar o balão de volta para a terra. Lá eles só guardam os pensamentos, as lembranças, o amor e coisas desse tipo.
Rachel, sempre que você pensar no vovô Benny ele saberá e estará muito perto, com um amor enorme por você. Sinceramente, Bob Anderson (também um vovô)."
***
A singeleza desta passagem nos trouxe muita emoção, quando a lemos. Faz-nos pensar sobre a morte, sobre a separação, sobre o amor, de uma forma tão sublime!
A resposta que Rachel recebeu de um bondoso e inspirado avô, deve conduzir-nos à uma reflexão profunda sobre a vida, sobre como continuamos a estar próximos daqueles que partiram.
Sigamos o exemplo da neta, e enviemos constantemente "balões vermelhos" ao céu, com nossas mensagens de amor e saudade a eles. Os balões serão nossas orações, que somente ganharão altura suficiente para serem ouvidas, se guardarem em seu íntimo a simplicidade, a sinceridade, e o coração.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A busca do amor

Em plena juventude, como fruto verde que aguarda a primavera, esperei intensamente pelo amor. Todas as manhãs, abria a janela de minha alma e esperava que o novo dia me trouxesse o amor. E porque ele tardasse a chegar, fechei as portas e janelas, selei os portões e saí pelo mundo.
Andei por caminhos inúmeros e estradas solitárias. Por vezes, ouvia o cortejo do amor que passava ao longe. Corria e o que conseguia ver era somente corações em festa, risos de alegria. O amor passara e eu continuava só.
Algumas noites, chegando às cidades com suas mil luzes piscando vida, ousava olhar para dentro dos recintos. Via mães acalentando filhos, cantando doces canções de ninar, casais trocando juras, crianças dividindo brincadeiras entre risos. Em todos estava o amor. Somente eu prosseguia solitário e triste.
Depois de muito vagar, tendo enfrentado dezenas de invernos, resolvi retornar.
De longe, pude sentir o perfume dos lírios. Quando me aproximei, pude ver o jardim saudando-me. Você voltou! - Falaram as rosas, dobrando as hastes à minha passagem. Seja bem-vindo! - Disseram as margaridas, agitando as corolas brancas. É bom tê-lo de volta! - Saudaram os girassóis, mostrando suas coroas douradas.
Tanto tempo havia se passado e, de uma forma mágica, os jardins estavam impecáveis. As cores bem distribuídas formavam arabescos na paisagem. Uma emoção me invadiu a alma. Abri as portas e janelas do meu ser. Debruçado à janela da velhice, fitando a ponte que me levará para além desta dimensão, o amor passa por minha porta. Apressadamente, coloco flores de laranjeira na casa do meu coração. Atapeto o chão para que ele entre, iluminando a escuridão da minha soledade. Tremo de ternura. Já não sofro desejo, nem aflição.
Os olhos felizes do amor fitam os meus olhos quase apagados, reacendendo neles a luz que volta a brilhar. Há tanta beleza no amor que me emociono. Superado o egoísmo, não lhe peço que entre e domine o meu coração rejuvenescido.
Em razão disso, agora que descubro de verdade o que é o amor, não o retenho. Deixo-o seguir porque amando, já não peço nada. Agora posso me doar aos que vêm atrás, em abandono e solidão.
Aprendi a amar.

* * *

Feliz é a criatura que descobriu que o melhor da vida é amar, mas um amor sem cobrar... livre... Por ser de essência Divina, o amor supre na criatura todas as suas necessidades e a torna feliz, mesmo em meio às dificuldades, lutas e tristezas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A cura que se deseja

Impressionantes casos de curas são relatados por especialistas e estudiosos da área médica. Um eminente oncologista americano, Dr. Bernie Siegel, narra o caso muito curioso de uma paciente que o procurou.
Ela morava a mais de mil quilômetros de distância da sua clínica. Quando recebeu o diagnóstico de que teria somente poucas semanas de vida, pediu para consultar com Dr. Siegel. Tentaram a princípio, demovê-la da idéia. Ela estava muito doente, a clínica ficava muito distante, ela já tinha um diagnóstico. Ela insistiu, conseguindo seu intento.
Dr. Siegel a examinou e lhe disse que ela chegara tarde demais. Ele era médico e como médico, constatara que nem cirurgia, nem quimioterapia poderiam curá-la. Seu destino era mesmo a morte, a etapa final da natureza biológica. A mulher estava irredutível e passou a crivá-lo de perguntas. Ela teria uma chance em dez?
Com a resposta negativa, ela foi prosseguindo com as perguntas: Teria uma chance em cem? Em mil? Em um milhão? Bom, em um milhão de pacientes, é provável. - falou o especialista.
De olhos brilhando, com firmeza, ela argumentou: Então, doutor, cuide de mim, porque eu sou essa paciente no meio do milhão. Dada a firmeza da mulher, ele iniciou o tratamento.
Quando foi estudar seu histórico médico, Dr. Siegel deu-se conta que o câncer de que ela era portadora, começara exatamente quando ela entrou em um processo litigioso de divórcio. Ela ficara tão triste, que desejara morrer, para se vingar do marido. Foi quando gerou o câncer.
Trabalhou o médico essa questão com ela: Morrer por causa de uma pessoa? E motivou-a. Ela se submeteu à terapia psicológica de otimismo, enquanto fazia quimioterapia.
Resultado final: ela se curou.
E Dr. Siegel, que tem a certeza de Deus e de que o organismo é uma máquina extraordinária, conta que calcula o tempo de vida de seus pacientes pela forma como eles encaram a enfermidade.
Há os que optam pela terapia psicológica, porque crêem na vida e desejam lutar. São os que vivem mais.
Há os que simplesmente se entregam, não desejando lutar. São os que perdem a batalha mais rapidamente. Isto é, a vida.

* * *

Se você está enfermo, se recebeu um diagnóstico de difícil sobrevida, não se entregue. A morte chegará, com certeza, pois nenhum ser vivo a ela escapa. Mas poderá chegar mais tarde. E sem tantos traumas. Encare a enfermidade e decida-se por viver o melhor possível, emocionalmente falando. Ame-se, ame aos que o cercam, ame a vida. Não importa o tratamento a que você se submeta, ele terá total, parcial ou nenhuma eficácia, conforme o deseje você.
Pense nisso e decida o que almeja para si.

Trabalhar com alegria

Havia uma fazenda onde os trabalhadores viviam tristes e isolados uns dos outros. Eles estendiam suas roupas surradas no varal e alimentavam seus magros cães com o pouco que sobrava das refeições. Todos que viviam ali trabalhavam na roça do senhor João, dono de muitas terras, que exigia trabalho duro, pagando muito pouco por isso.
Um dia, chegou ali um novo empregado, cujo apelido era Zé Alegria. Era um jovem agricultor em busca de trabalho. Foi admitido e recebeu, como todos, uma velha casa onde iria morar enquanto trabalhasse ali. O jovem, vendo aquela casa suja e abandonada, resolveu dar-lhe vida nova. Cuidou da limpeza e, em suas horas vagas, lixou e pintou as paredes com cores alegres e brilhantes, além de plantar flores no jardim e nos vasos. Aquela casa limpa e arrumada destacava-se das demais e chamava a atenção de todos que por ali passavam. Ele sempre trabalhava alegre e feliz na fazenda, por isso tinha o apelido de Zé Alegria.
Os outros trabalhadores lhe perguntavam: Como você consegue trabalhar feliz e sempre cantando com o pouco dinheiro que ganhamos? O jovem olhou para os amigos e disse: Bem, este trabalho hoje é tudo que eu tenho. Ao invés de blasfemar e reclamar, prefiro agradecer por ele. Quando aceitei trabalhar aqui, sabia das condições.
Não é justo que, agora que estou aqui, fique reclamando. Farei com capricho e amor aquilo que aceitei fazer.
Os outros, que acreditavam ser vítimas das circunstâncias, abandonados pelo destino, o olhavam admirados e comentavam entre si: Como ele pode pensar assim?
O entusiasmo do rapaz, em pouco tempo, chamou a atenção do fazendeiro, que passou a observá-lo à distância. Um dia o sr. João pensou: Alguém que cuida com tanto carinho da casa que emprestei, cuidará com o mesmo capricho da minha fazenda. Ele é o único aqui que pensa como eu. Estou velho e preciso de alguém que me ajude na administração da fazenda. Num final de tarde, foi até a casa do rapaz e, após tomar um café bem quentinho, ofereceu ao jovem o cargo de administrador da fazenda. O rapaz aceitou prontamente. Seus amigos agricultores novamente foram lhe perguntar: O que faz com que algumas pessoas sejam bem sucedidas e outras não?
A resposta do jovem veio logo: Em minhas andanças, meus amigos, eu aprendi muito e o principal é que não somos vítimas do destino. Existe em nós a capacidade de realizar e dar vida nova a tudo que nos cerca. E isso depende de cada um.
* * *
Toda pessoa é capaz de efetuar mudanças significativas no mundo que a cerca. Mas, o que geralmente ocorre é que, ao invés de agir, jogamos a responsabilidade da nossa desdita sobre os ombros alheios. Sempre encontramos alguém a quem culpar pela nossa infelicidade, esquecidos de que ela só depende de nós mesmos. Assim sendo, cada um tem a sua parcela de responsabilidade na formação da situação que nos rodeia.
E para ser feliz, basta dar ao seu mundo um colorido especial, como o personagem desta história que, mesmo numa situação aparentemente deprimente para os demais, soube fazer do seu mundo uma realidade bem diferente.
Pensemos nisso!

Flores raras

Conta-se que havia uma jovem que tinha tudo, um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe rendia um bom salário e uma família unida. O problema é que ela não conseguia conciliar tudo. O trabalho e os afazeres lhe ocupavam quase todo tempo e ela estava sempre em débito em alguma área. Se o trabalho lhe consumia tempo demais, ela tirava dos filhos, se surgiam imprevistos, ela deixava de lado o marido...

E assim, as pessoas que ela amava eram deixadas para depois até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente:

Uma flor muito rara, da qual só havia um exemplar em todo o mundo.

O pai lhe entregou o vaso com a flor e lhe disse: filha, esta flor vai lhe ajudar muito mais do que você imagina
Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando, e, às vezes, conversar um pouquinho com ela. Se assim fizer, ela enfeitará sua casa e lhe dará em troca esse perfume maravilhoso. A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual.

Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo, e a sua vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor.

Ela chegava em casa, e as flores ainda estavam lá, não mostravam sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava direto.

Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto!

A planta, antes exuberante, estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas flores murchas e as folhas amareladas.
A jovem chorou muito, e contou ao pai o que havia acontecido.

Seu pai então respondeu: eu já imaginava que isso aconteceria, e, infelizmente, não posso lhe dar outra flor, porque não existe outra igual a essa. Ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família.

Todos são bênçãos que o senhor lhe deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem.

Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre viçosa, sempre perfumada, e se esqueceu de cuidar dela.

Por fim, o pai amoroso e sábio concluiu:

Filha! Cuide das pessoas que você ama
E você, tem cuidado das flores raras que Deus lhe empresta, em forma de filhos, esposa, esposo, irmãos e outros familiares?

Lembre-se sempre que seus amores são flores únicas que lhe compete cuidar.

Problemas surgem. O trabalho pode ser feito mais tarde. Compromissos sociais podem ser adiados, mas os filhos dependem dos seus cuidados constantes para que não venham a fenecer...

Cada pessoa é uma flor única...nNão há no universo outra igual...

O Divino cultivador as deposita em nosso lar, confiando-as aos nossos cuidados.

E para que essas flores raras possam perfumar sempre o ambiente, ofertando-nos sua beleza, é preciso que as podemos de vez em quando, e as reguemos todos os dias com gotas de afeto e compreensão.

Amor e sonhos

Conta a lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e alma sensível voava ao sabor do vento certa tarde, quando viu uma estrela muito brilhante e se apaixonou. Voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe que havia descoberto o que era o amor, mas a mãe lhe disse friamente: - Que bobagem! As estrelas não foram feitas para que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um poste ou um abajur e se apaixone por algo assim; para isso nós fomos criadas. Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com a sua descoberta e pensava: - Que maravilha poder sonhar! Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar e a mariposa decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela luz radiante e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu subir alguns metros acima do seu vôo normal.
Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar chegando à estrela, então armou-se de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu amor. Esperava com ansiedade que a noite descesse e, quando via os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas em direção ao firmamento. Sua mãe ficava cada vez mais furiosa e dizia: - Estou muito decepcionada com a minha filha! Todas as suas irmãs e primas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpada! Você devia deixar de lado esses sonhos inúteis e arranjar um amor que possa atingir. A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo como, aliás, sempre acontece ficou marcada pelas palavras da mãe e achou que ela tinha razão.
Por algum tempo, tentou esquecer a estrela, mas seu coração não conseguia esquecer a estrela e, depois de ver que a vida sem o seu verdadeiro amor não tinha sentido, resolveu retomar sua caminhada em direção ao céu.
Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas, quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza. Entretanto, à medida que ia ficando mais velha, passou a prestar atenção a tudo que via à sua volta.
Lá do alto podia enxergar as cidades cheias de luzes, onde provavelmente suas primas e irmãs já tinham encontrado um amor, mas, ao ver as montanhas, os oceanos e as nuvens que mudavam de forma a cada minuto, a mariposa começou a amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo.
Muito tempo depois resolveu voltar à sua casa e aí soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs e primas tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas pelo amor que julgavam fácil.
A mariposa, embora jamais tenha conseguido chegar à sua estrela, viveu muitos anos ainda, descobrindo que, às vezes, os amores difíceis e impossíveis trazem muito mais alegrias e benefícios que aqueles amores fáceis e que estão ao alcance de nossas mãos.

***

Com esta lenda aprendemos duas coisas: valorizar o amor e lutar pelos nossos sonhos, porque sabemos que é a realização deles que nos faz feliz e lembremos "o mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos".

O desejo de uma criança

Quando Gustavo nasceu, seu avô paterno presenteou sua mãe com um pequeno pássaro em uma gaiola. Acostumado a ter pássaros confinados em casa, ele não viu mal algum no presente. Pelo contrário, ele disse à mãe do pequeno bebê que mantivesse o pássaro sempre em um lugar no qual fosse possível escutar seu canto, pois isso acalmaria a criança quando ela estivesse agitada. O avô estava certo. A mãe costumava deixar a gaiola no corredor próximo ao quarto do bebê, algumas horas por dia, e percebia que, desde cedo, a criança fixava os olhos naquela direção sempre que o pássaro cantava.

Com o tempo, passou a sorrir ao escutar o canto da ave, e gostava de olhar para ela quando a mãe o segurava próximo. O avô e a mãe sentiam-se orgulhosos. Gustavo cresceu acostumado ao canto do pássaro. Gostava de conversar com o passarinho. Conversas de criança. Quando a ave morreu foi rapidamente substituída por outra, para que sua falta não fosse sentida.

Quando Gustavo contava quase quatro anos, tentou abrir a gaiola colocada em cima da mesa. Repreendido pela mãe, respondeu, em sua inocência, que o passarinho queria sair. Pouco tempo depois, fez nova tentativa, e chegou a abrir a portinhola, sendo repreendido agora pelo pai. Entristeceu-se. Em seu aniversário de seis anos, no momento em que apagava a vela do bolo, o desejo do garoto, dito em voz alta foi: Eu quero ver o passarinho voando. Os convidados da família riram. Parecia apenas um capricho. Mas a criança não desistiu. Resolveu perguntar ao pai por que o pássaro ficava preso em uma caixinha tão pequena. Estava decidido: queria soltá-lo.

O pai achou graça da insistência, e tentou lhe explicar que o pequeno animal não conseguiria comer sozinho. Ele sofreria, pois se voasse para longe não acharia o caminho de volta. E Gustavo retrucou: Papai, e se ele encontrar a mamãe dele e ela der comida? Ele quer voar. O pai então se comoveu, entendendo que o filho não compreendia o confinamento do pássaro, e que desejava mesmo libertá-lo.

Como explicar melhor para o garoto? Na verdade, ele era pessoalmente contra esse comércio de aves e as preferia soltas, mas nunca questionou a esposa. Conversaram, pai e mãe, e resolveram comprar uma gaiola maior. Com mais espaço, o pássaro alçava pequenos voôs que divertiam a criança. Mas Gustavo nunca deixou de dizer que a ave queria ir embora. Quando, mais tarde, o pequeno animal morreu, compraram um bebedouro para aves e passaram a deixar, na varanda, pedaços de frutas. Havia, diariamente, muitos pássaros da redondeza que comiam, bebiam e cantavam alegres. E livres.

***
O pequeno Gustavo ensinou aos pais uma lição importante: não temos o direito de tirar a liberdade de nenhum ser vivo, com a desculpa de nos dar prazer. Todas as criaturas na Terra têm seu lugar e não cabe a nós mudá-lo apenas por capricho, sem necessidade. O desejo de posse por prazer revela a inferioridade do Espírito. Respeitemos, pois, o lugar de cada um neste maravilhoso equilíbrio que é a natureza, para que também nós sejamos respeitados.