segunda-feira, 25 de maio de 2009

->Nobreza Humana

Possivelmente você já ouviu ao menos falar sobre os
três tenores.
O italiano Luciano Pavarotti, os espanhóis Plácido
Domingo e José Carreras.
É possível mesmo que os tenha assistido pela TV,
abrilhantando eventos como a Copa do Mundo de futebol.
O que talvez você não saiba é que Plácido Domingo é
madrileno e José Carreras é catalão. E há uma grande
rivalidade entre madrilenos e catalães.
Plácido e Carreras não fugiram à regra. Em 1984, por
questões políticas, tornaram-se inimigos.
Sempre muito requisitados em todo o mundo, ambos
faziam constar em seus contratos que só se apresentariam se o
desafeto não fosse convidado.
Em 1987, Carreras ganhou um inimigo mais implacável
que Plácido Domingo. Foi surpreendido por um terrível diagnóstico de
leucemia.
Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-
transplante de medula óssea e trocas de sangue. Por isso, era
obrigado a viajar mensalmente aos Estados Unidos. Claro que sem condições para trabalhar, e com o alto
custo das viagens e do tratamento, logo sua razoável fortuna
acabou. Sem condições financeiras para prosseguir o
tratamento, Carreras tomou conhecimento de uma instituição emMadrid, denominada Fundación Hermosa.
Fora criada com a finalidade única de apoiar a
recuperação de leucêmicos.
Graças ao apoio dessa fundação, ele venceu a doença. E voltou a cantar. Tornando a receber altos cachês, tratou de se
associar à fundação. Foi então que, lendo os estatutos,
descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente era
Plácido Domingo.
Mais do que isso. Descobriu que a fundação fora
criada, em princípio, para atender a ele, Carreras. E que
Plácido se mantinha no anonimato para não o constranger por
ter que aceitar auxílio de um inimigo.
Momento extraordinário, e muito comovente aconteceu
durante umaapresentação de Plácido, em Madrid. De forma imprevista, Carreras interrompeu o evento e
se ajoelhou a seus pés. Pediu-lhe desculpas. Depois, publicamente lhe agradeceu o benefício de seu restabelecimento.
Mais tarde, quando concedia uma entrevista na
capital espanhola, uma repórter perguntou a Plácido Domingo
por que ele criara a Fundación Hermosa.
Afinal, além de beneficiar um inimigo, ele concedera
a oportunidade de reviver a um dos poucos artistas que
poderiam lhe fazer algumaconcorrência.
A resposta de Plácido Domingo foi curta e
definitiva: "porque uma voz como essa não se podia perder."
Fazer o bem sem ostentação é grande mérito.
"Que essa história não caia no esquecimento. E,
tanto quanto possível, nos sirva de inspiração e exemplo".