Ontem, dia festivo em todo Nordeste, mas para inúmeras pessoas mais um dia de aflição... Afinal perderam tudo o que tinham devido às enchentes que ocorreram em Pernambuco e Alagoas, mas a esperança permaneceu.
No fim de tarde, me reuni com alguns amigos em busca de doações... Nós pedimos que doassem o que pudessem, pois tudo era muito bem-vindo. No caminho de volta para casa vim pensando neste assunto e um questionamento me chamou atenção. Por que só nos lembramos do frio quando sentimos frio, da fome quando temos fome, do calor quando sentimos calor, das alegrias quando nos lembramos de bons momentos? Talvez a resposta seja: porque sentimos falta! E justamente a falta de solidariedade é que prejudica o mundo.
Hoje, para maioria das pessoas, não existe em seu dicionário a palavra solidariedade ou talvez seu significado não esteja bem claro. Eu me orgulho de ter ao meu lado pessoas que além de praticar, acreditam na palavra “solidário”. Existem pessoas que poderíamos citar como Betinho, que praticou e deixou sua eterna campanha contra fome, justiça, a desigualdade social.
Praticar a solidariedade não é doar só quando se lembra, não é dar comida a quem tem
fome, não é dar água para quem tem sede, é dedicar parte de seu tempo para quem precisa de ajuda. A doação faz parte das inúmeras coisas que podemos fazer na hora de sermos solidário. Não é a doação que lhe faz solidária, e sim a vontade de ajudar ao próximo.
Obrigação ou ajuda? Acho a palavra obrigação muito forte, e não gosto de usá-la. Temos a escolha de ajudar ou não. Ninguém é obrigado a ser solidário, somos porque queremos ser, e não por obrigação. Quem é solidário por obrigação não é solidário. Já ouvi diversas vezes pessoas falarem: eu não tenho tempo, ando tão atarefado, já basta minha casa, tem que faça por mim, e ainda alguns dizendo: “ninguém faz nada por mim, por que eu faria pelos outros?”.
Responsabilidade social é ser solidário? Acredito que sim, em uma amplitude maior, onde indiretamente ajudamos os outros sem a intimidade que afugenta o cidadão e que deixa de praticar a solidariedade, para não se envolver com o próximo.
Ser solidário é: envolver, ser uma opção para solução, sentir o problema do outro, deixar pra lá o orgulho, praticar o carisma, a empatia, é amar sem ter que ser amado, se lembrar do próximo em todos os momentos que temos a oportunidade de praticar o bem, ser amigo oculto. Pratique, tente, não desista, faça o bem sempre que possível, seja um voluntário oculto se quiser, doe por vontade de doar. Já que é fácil dizer: “não custa nada doar”, então dê tudo o que pode! Seja um cidadão, seja um pernambucano solidário, seja um brasileiro solidário!
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Ao chegar em Palmares me deparei com uma cena que nunca esquecerei... Uma cidade destruída, algo inexplicável, cena de filme... Pessoas humildes, batalhadoras que perderam o pouco com tinham construído com muito trabalho. Ao chegar próximo a uma moradora que muito abalada lamentava a perda da sua casa, a única coisa que ela me pediu foi um abraço... porque nessas horas e diante de tão cena faltam palavras. Isso serve para nos mostrar que a solidariedade não se faz apenas com bens materiais, sua presença é importante na vida de alguém, mesmo que esse alguém nunca o tenha o visto antes.
As vítimas das enchentes de Pernambuco e Alagoas precisam de cada um de vocês da maneira que possam ajudar, sejam com doações e principalmente com orações, pois Deus nunca desampara seus filhos.