quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

-> Quem matou o amor ?

Houve uma vez na estória do mundo um dia terrível em que o Ódio - o rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súditos.

Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência.
Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio:

- Os reuni aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém !

Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava falando e ele sempre queria matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o
Ódio necessitaria da ajuda de todos.

- Quero matar o Amor" - disse o Ódio.

Muitos sorriram com maldade, pois mais de um ali tinha a mesma vontade.
O primeiro voluntário foi o Mau Caráter:
- Eu irei e podem ter certeza que em um ano o Amor terá morrido. Provocarei tal discórdia e raiva que não vai suportar.

Depois de um ano se reuniram outra vez e ao escutar o relato do Mau Caráter ficaram decepcionados.
- Eu sinto muito. Bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho.

Foi então que muito rapidamente ofereceu-se a Ambição para executar a tarefa.
Fazendo alarde de seu poder disse:
- Já que o Mau Caráter fracassou irei eu.
Desviarei a atenção do Amor, com o desejo por riqueza e pelo poder.

Isso ele nunca irá ignorar.
E começou a Ambição o ataque-contra à sua vítima.
Efetivamente, o Amor caiu ferido.
Mas, depois de lutar arduamente , curou-se: renunciou
a todo desejo exagerado de poder e triunfo.

Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes.
Estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor.
Machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas.
Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer.

Com valentia e força se impôs sobre eles e os venceu.
Ano após ano, o Ódio seguiu em sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Indiferença, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros. Todos fracassavam sempre.

O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais: -Nada podemos fazer.
O Amor suportou tudo.
Levamos muitos anos insistindo e não conseguimos.

De repente de um cantinho do auditório se levantou um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto.
Com um chapéu gigante, ele mantia o rosto encoberto.
Seu aspecto era fúnebre como o da morte.

- Eu matarei o Amor - disse com segurança.
Todos se perguntavam quem era esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer que nenhum deles havia conseguido.

Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido.
Todos estavam felizes mas também surpresos.

E o sentimento do chapéu preto falou:
- Aqui eu entrego a vocês o Amor totalmente morto e esquartejado.
E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída.
- Espera! - determinou o Ódio, dizendo:

- Em tão pouco tempo você o eliminou completamente, deixando-o desesperado e por isso mesmo ele não fez o menor esforço para viver !
Quem é você afinal ?
O sentimento pela primeira vez levantou seu horrível rosto e disse:

- Sou a Rotina.