terça-feira, 16 de março de 2010

A menina de Hiroshima - Os mil grous de papel

Esta história começa em 1945. Uma menina chamada Sadako Sasaki vivia na cidade japonesa de Hiroshima.

Quando tinha 2 anos, lançaram sobre sua cidade a primeira bomba atômica.

Quase tudo foi destruído e arrasado pelo fogo.

Sadako, que se encontrava a mais ou menos dois quilômetros do local da explosão, aparentemente nada sofreu.

Poucas semanas depois, começaram a ocorrer mortes causadas por uma doença que nem os médicos entendiam.

Pessoas que pareciam gozar de plena saúde, subitamente sentiam-se fracas, caíam doentes e morriam.

Aos 12 anos, Sadako era uma menina alegre, normal e freqüentava uma escola do bairro.

Estudava e brincava como as outras crianças, e uma das coisas de que mais gostava era correr. Um dia, depois de participar de uma corrida de revezamento em que ajudara sua equipe a ganhar, sentiu-se muito cansada e teve tontura.

Achou que era um desgaste provocado pela corrida.

Na semana seguinte, especialmente quando corria, as tonturas voltaram.

Sadako não disse nada a ninguém, nem mesmo à sua melhor amiga, Chizuko. Certa manhã, sentiu-se tão mal que caiu e ficou estendida no chão. Não havia mais como esconder. Levaram-na para um hospital da Cruz Vermelha.

Sadako estava com leucemia.

Outras crianças de Hiroshima começaram a apresentar os mesmos sintomas de leucemia, então chamada "doença da bomba atômica".

Quase todos estavam morrendo e Sadako ficou assustada, pois não queria morrer.

Chizuco foi visitá-la levando um papel, com o qual fez uma dobradura representando um grou. Chizuko contou a Sadako uma lenda: o grou, ave sagrada no Japão, vive mil anos, e se uma pessoa dobra mil grous de papel, fica curada.

Sadako resolveu fazer os mil grous.

Lentamente ela dobrava os grous, apesar da leucemia que a enfraquecia.

Ainda que não melhorasse, prosseguia e conseguiu terminar as mil aves de papel.

Sem ficar zangada ou entregar-se, resolveu fazer mais.

Todos acompanhavam sua determinação e paciência até que, em 25 de outubro de 1955, rodeada por sua família, ela montou seu último grou e dormiu placidamente pela última vez.

Seus amigos, nos quais deixou saudades, sentiram-se muito tristes por ela e pelas outras crianças e quiseram fazer alguma coisa. Assim, 39 dos seus colegas de classe resolveram formar um clube e arrecadar dinheiro para erigir um monumento em memória de Sadako e de todas as outras crianças. Alunos de 3.100 escolas japonesas e de nove outros países fizeram doações.

Finalmente, em 5 de maio de 1958, conseguiram dinheiro suficiente para a construção do monumento. Ele foi chamado Monumento das Crianças à Paz, e colocado no Parque da Paz, no centro de Hiroshima, exatamente onde havia caído a bomba.

Esse esforço das crianças ficou tão popular que inspirou o filme Os mil grous de papel. As crianças de Hiroshima e Tóquio que participaram do filme resolveram ficar amigas e fundaram o Clube dos Mil Grous de Papel. Nada, porém, resume melhor o significado dos grous e do Clube do que as palavras gravadas no pedestal do Monumento das Crianças à Paz:

"este é o nosso grito esta é a nossa prece construir a paz no mundo que é nosso."