sábado, 23 de janeiro de 2010

Serviço desinteressado

Foi durante um período de férias. Carlos havia se dirigido a um acampamento isolado, com a família. Quando se deu conta, o carro estava enguiçado. Tentou dar a partida e nada. Caminhou para fora do acampamento, muito nervoso. Pelo caminho ía descarregando a sua raiva com palavras grosseiras, que foram abafadas pelo cantar das águas do riacho próximo. O problema era bateria descarregada e Carlos resolveu ir até a vila a pé. Eram alguns quilômetros de caminhada. Duas horas depois, com um tornozelo torcido, ele chegou a um posto de gasolina.
Como era domingo de manhã, o lugar estava fechado. Mas havia um telefone público e uma lista telefônica quase se desmanchado. Ele telefonou para a única companhia de auto-socorro da cidade vizinha, que ficava a uns 30 km de distância. Um tal de Zé atendeu e o acalmou. Ele deveria chegar ao posto de gasolina, mais ou menos em meia hora. Enquanto esperava o socorro chegar, Carlos ficou a imaginar quanto aquilo tudo lhe deveria custar. Finalmente, um reluzente caminhão-guincho chegou e eles foram para a área do acampamento.
Quando o Zé saiu do caminhão, Carlos o observou e ficou espantado. Zé tinha aparelhos na perna e andava com ajuda de muletas. Ele era paraplégico. Enquanto se movimentava, Carlos ainda pensou qual seria o preço de tamanha boa vontade. Mas Zé era um sujeito animado. Enquanto foi providenciando a carga elétrica para a bateria, distraiu o filhinho de Carlos com uns truques de mágica. Tudo pronto. Carro funcionando, Carlos perguntou quanto devia. Nada, respondeu Zé.
- Não é possível, falou Carlos. Hoje é domingo, tirei você de seu descanso, você rodou tantos quilômetros, resolveu meu problema. Preciso lhe pagar.
- Não mesmo, disse o Zé. Há alguns anos, alguém me ajudou a sair de uma situação pior do que esta, quando perdi as minhas pernas. E tudo o que o sujeito que me auxiliou disse, ao final foi: passe isso adiante. Você não me deve nada. Apenas se lembre de passar isso adiante, quando tiver uma oportunidade.
- E então, hoje, tive a oportunidade de lhe ajudar. Foi ótimo. Vá para sua casa, com sua família e quando puder, ajude alguém, porque precisamos sempre uns dos outros.
***
Nunca deixe de ajudar a quem quer que seja.
Para isso você não precisa de dinheiro, posição social relevante ou poder.
Pode ajudar pela palavra gentil que gera estímulos preciosos.
Assim agindo, descobrirá que a sua vida possui um grande significado e que a sua tarefa principal é servir e servir sempre.