John Powell, professor de teologia, conta que no primeiro dia de aula conheceu um jovem especial: esse jovem era Tommy. De maneira irreverente, Tommy entrou penteando seus longos cabelos louros, que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros. Logo, o professor classificou Tommy com um "e" de estranho... muito estranho. O jovem acabou se revelando o "ateísta de plantão" do seu curso. Constantemente, ele fazia objeções, fazia troça ou gemia diante da possibilidade de existir um Deus-Pai que amasse seus filhos, incondicionalmente.
Quando terminou o curso, Tommy se aproximou para entregar seu exame final e perguntou a John, num tom ligeiramente cínico: "o senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?" O professor decidiu fazer uma terapia de choque, e respondeu enfaticamente: "não!" Ah!, respondeu Tommy, "eu pensei que este fosse o produto que o senhor estava tentando nos impor". John deixou que ele desse uns cinco passos fora da sala e gritou: "Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará".
Mais tarde, John veio a saber que Tommy tinha se formado e ficou aliviado. Depois, uma notícia triste: soube que Tommy estava com um câncer terminal. Antes que o ex-professor fosse ao encontro de Tommy, ele veio procurá-lo. Quando entrou no seu escritório, John reparou que seu físico tinha sido devastado pela doença e que os cabelos longos se foram, sob o efeito da quimioterapia. Mas John notou também que os olhos do jovem estavam brilhantes e a sua voz estava firme.
Tommy, tenho pensado tanto em você!, disse o ex-professor. Ouvi dizer que você estava doente! "Ah, é verdade, estou muito doente. Tenho câncer em ambos os pulmões. Agora é uma questão de semanas.", afirmou o jovem.
"A razão pela qual eu realmente vim vê-lo", disse Tommy, "foi a frase que o senhor me disse no último dia de aula". "Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria Deus algum dia e o senhor respondeu: não!, o que me surpreendeu. Em seguida, o senhor disse: mas ele o encontrará."
"Pensei um bocado a respeito daquela frase, embora naquela época não pensasse muito em procurar por Deus. Mas quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e disseram que era um tumor maligno, encarei com mais seriedade a procura de Deus." "E quando a doença se espalhou pelos meus órgãos vitais, eu comecei realmente a dar murros desesperados nas portas do paraíso. Mas Deus não apareceu."
"Um dia acordei e em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro, atrás de onde Deus poderia ou não estar, simplesmente desisti. Decidi que de fato não estava me importando com Deus, com uma vida eterna ou qualquer coisa parecida." "Resolvi gastar o tempo que me restava fazendo alguma coisa mais proveitosa.
Lembrei-me de outra frase que o senhor havia dito: "a tristeza mais profunda é passar pela vida sem amar". "Mas seria quase tão triste deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas que você as ama." "Então comecei pela pessoa mais difícil: meu pai." "Ele estava lendo o jornal quando me aproximei e lhe falei: - Papai, eu te amo. Só queria que você soubesse disso... O jornal escorregou para o chão e o meu pai fez duas coisas que eu não me lembro de tê-lo visto fazer jamais. "Chorou e me abraçou. Conversamos a noite toda. "Foi mais fácil com a minha mãe e com o meu irmão mais novo." "Eu só lamentei uma coisa: ter esperado tanto tempo." "Então, um dia, eu me voltei e lá estava Deus. Ele não veio ao meu encontro quando eu lhe implorei. Mas o que é importante é que ele estava lá. O senhor estava certo. Ele me encontrou mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele."