sexta-feira, 18 de setembro de 2009

-> Desculpe-me. Hoje, eu não tenho tempo

Trabalhando arduamente, a ambição de possuir riquezas e o desejo de ter tudo quanto quisesse me fizeram egoísta.
Quantas vezes minha esposa e meus filhos precisaram de mim, mas eu sempre dizia: Desculpe-me. Hoje, eu não tenho tempo.
Passaram-se os anos, meus filhos foram crescendo, mas eu não percebi. Saíram da infância para a adolescência, precisaram de apoio em suas dúvidas juvenis, mas eu nunca compareci a uma reunião da escola, dificilmente viajava com eles.
Minha cegueira e ambição não me deixaram perceber isso, só pensava em trabalho e dinheiro. Conquistar tudo era minha meta. Sempre que precisavam de mim, a resposta era sempre a mesma: Desculpe-me. Hoje, eu não tenho tempo.
Chegou o fim do ano, as crianças estavam de férias e minha esposa, alegre, planejava uma viagem familiar. Na última hora, surgiu uma bela proposta comercial. Eu optei por aceitar e minha família viajou sozinha. Deixei-os no aeroporto, todos com lágrimas nos olhos, já sentindo minha ausência. Despediram-se de mim pela última vez. Um acidente aéreo matou toda minha família naquele dia.
Existem coisas inexplicáveis que acontecem em nossas vidas. Só então, paramos para refletir sobre os nossos erros e nossas falhas. Pude entender isso no velório, enquanto o pastor tentava consolar-me. Diante daquela situação, pensei: Quantas vezes Deus me convidou para ir à Sua casa. Quantas oportunidades eu tive para ouvir seus bons conselhos e deixar de lado essa cobiça, mas eu sempre respondia: Desculpe-me. Hoje, eu não tenho tempo.
Agora, carregando com remorso os caixões com minha família, fico pensando: Hoje, infelizmente, tenho de carregar meus filhos e minha esposa para a sepultura. Nunca mais os verei. Sei que, se estivesse mais ao lado deles, poderia ter curtido os primeiros passos das crianças, as primeiras palavras...
Minha esposa querida, tão paciente e compreensiva, nunca lhe dei o devido valor, nunca tive tempo de ouvi-la, de saber por que chorava. Nunca tive tempo para eles.
Hoje, fui obrigado a tirar o dia de folga, tive de parar, pela primeira vez, para ouvir a palavra de Deus e para dar o último beijo em minha amada esposa e nos meus filhos. Somente hoje, tive tempo para Deus e para eles.
Crônica de um homem que aprendeu com a dor a ter tempo para as coisas realmente importantes.